HALITOSE: Informações que você precisa saber

A halitose, popularmente conhecida como mau hálito, é uma condição comum, onde estimativas apontam que cerca de 25% a 40% da população seja afetada. A halitose pode ser prejudicial para a autoimagem do indivíduo, impactando na sua confiança, comunicação e vida social. A qualidade de vida pode ser comprometida devido as repercussões em diversos aspectos: econômico, social e psico-afetivo [1,2].

Estudos tem comprovado que a halitose está principalmente associada a condições específicas da saúde bucal, como por exemplo: má higiene da cavidade oral, presença de gengivite ou de doença periodontal. As evidências científicas apontam que os microrganismos presentes na saburra da língua são a principal causa do mau hálito. O dorso da língua é uma superfície irregular sendo um nicho ideal para a acúmulo e proliferação de bactérias [1,3].

Sabendo disso, dentistas devem ser os profissionais primeiramente procurados quando o indivíduo suspeitar que tem esse problema. Durante a consulta odontológica serão investigadas possíveis causas e indicados os tratamentos necessários.

Uma vez que as causas bucais estão relacionadas a microrganismos, é imperativo que além da escovação e do uso do fio dental seja realizada a limpeza da língua, evitando assim o acúmulo de bactérias. Em alguns casos, o cirurgião dentista pode prescrever bochechos com soluções antissépticas que ajudam no controle da proliferação de microrganismos [2,3].

Existe uma halitose fisiológica, ou seja, que não é considerada como doença, que é a halitose matinal. A saliva possui atividade antimicrobiana. Durante a noite, há redução na produção salivar facilitando o crescimento de bactérias e causando o hálito matinal típico. O problema desaparecerá assim que as medidas de higiene bucal forem tomadas [4].

Mais raramente a halitose pode ter outras causas como distúrbios associados ao ouvido-nariz-garganta ou distúrbios gastrointestinais/endócrinos. Ou seja, a halitose de origem extra-oral pode ser o sinal de uma doença sistêmica subjacente. Nesses casos, outros profissionais podem ajudar no diagnóstico e tratamento.

Existe ainda, uma condição chamada Halitofobia ou halitose não real onde o indivíduo considera ter mau hálito, mas não o tem. São pessoas que procuram ajuda profissional e mesmo com diagnóstico e tratamento, não se convencem que não existe situação de halitose. Essas pessoas têm ideia compulsiva de ter mau hálito e de incomodar outras pessoas com essa situação. Estima-se que 1% da população adulta possa ter a halitofobia afetando sua vida social. Pacientes com halitose não real precisam de ajuda de outros profissionais além do cirurgião dentista, pois essa situação pode estar associada à síndrome psiquiátrica da fobia social [4].

Outra condição chamada de pseudo-halitose, também merece ser mencionada: são pacientes que consideram ter mau hálito, mas que não o têm. Durante o tratamento acabam se convencendo que de fato não possuem [1,4].

Sendo assim, percebe-se que a halitose é uma condição comum que em grande parte decorre de causas intra-orais, enquanto apenas um número limitado de casos é resultado de problemas extra-orais ou sistêmicos. No entanto, a investigação de causas extra-orais é importante pois pode ser o sinal de uma doença sistêmica, justificando em alguns casos que o cirurgião dentista encaminhe o paciente para avaliação com otorrinolaringologistas, especialistas em medicina interna, psicólogos ou mesmo psiquiatras.

Caso deseje tirar dúvidas ou ter maiores esclarecimentos, o Departamento de Qualidade de Vida- DQV/PROGEPE/UFRPE, coloca à disposição o endereço de e-mail da Seção de Saúde Bucal: ssb.progepe@ufrpe.br para responder sobre o tema.

Referências

1. Ortiz V, Filippi A. Halitosis. Monographs in oral science, 2021; 29; 195–200. Disponível em: https://www.karger.com/Article/Abstract/510192

2. Wu J, Cannon D, Ji P, Farella M, Mei L. Halitosis: prevalence, risk factors, sources, measurement and treatment - a review of the literature. Australian Dental Journal, 2020, 65, 4–11. Disponível em https://onlinelibrary.wiley.com/doi/full/10.1111/adj.12725

3. Hampelska K, Jaworska M, Babalska Ł, Karpiński M. The Role of Oral Microbiota in Intra-Oral Halitosis. Journal of Clinical Medicine, 2020; 9; 2484. Disponível em: https://www.mdpi.com/2077-0383/9/8/2484

4. Bollen M, Beikler T. Halitosis: the multidisciplinary approach. International journal of oral science, 2012; 4; 55–63. Disponível em: https://www.nature.com/articles/ijos201239

Autora: - Cecilia Cruz, Odontóloga do DQV/PROGEPE/UFRPE, mestre em odontologia – UFPE.